TEMPO DE ADVENTO E DESERTO

  


TEMPO DE ADVENTO E DESERTO.

 

  João J. C. Sampaio

               

  O tempo do Advento nos apresenta o deserto como tema preferencial. Apresenta, inclusive, a pessoa de João Batista ensinando no deserto da Judéia e conclamando os seus compatriotas a buscarem um modo diferente de proceder. Só com mudanças interiores verdadeiramente significativas poderiam reconhecer o Messias esperado e prometido pela boca dos santos profetas. A atitude de João Batista era a de um educador que conhecia bem a mentalidade do seu povo e, por isso mesmo, aconselhava o Batismo nas águas para tornar clara a separação entre uma vidinha qualquer de uma Vida compromissada com Deus e os irmãos.

 

  Nos tempos mais antigos, o deserto também foi o caminho escolhido por Deus para guiar o seu povo rumo à Terra Prometida. Foi no deserto que esse povo, dia após dia, amadureceu e aprendeu a confiar no poder de Javé, o Todo-Poderoso. A princípio, diante de tantas dificuldades, os israelitas detestaram o deserto e suplicaram para voltar à condição de escravos nas terras egípcias. Mas, Deus, excelente educador, foi encaminhando a sua gente, apesar das revoltas, resmungos e choramingos. O deserto propiciou ao povo de Israel uma fortaleza de espírito invejável. Sem esse processo pedagógico não teria conquistado a Terra tão sonhada!

 

                Realmente, o tempo passado no deserto é bem propício para construir um sólido projeto de vida. É por isso que o Advento do Senhor Jesus nos carrega, de novo, para esse local de carências e isolamento, não permitindo que nada desvie as nossas reflexões e a tomada de decisão por uma vida verdadeiramente humana, justa, fraterna e solidária. De fato, nesse espaço não teremos como fugir de nós mesmos e Daquele que nos fala ao coração. Com certeza, o silêncio nos ensinará muito, também nos incomodará, mas nos tornará mais dignos para acolher o Filho de Deus que decidiu fazer a morada entre nós!

 

                Lembremos que Jesus também se retirou muitas vezes para lugares desérticos para rever os planos do Pai, para não assumir de qualquer modo os projetos do Reino. Não é por acaso que Ele sempre agiu com determinação e sabedoria. Façamos o mesmo!

 

                Aproveitemos, sem reclamar, os momentos de deserto que Deus nos proporciona. Eles são para o nosso crescimento na fé, fortalecimento da esperança e garantia de salvação. Ouçamos também os conselhos de conversão pronunciados por João Batista (Mt. 3,1-12), mergulhemos fundo no Jordão de nosso arrependimento e passemos a construir uma vida mais digna, mais significativa e mais condizente com a de filhos de Deus. Desse modo, com certeza, estaremos mais preparados para receber o Senhor Jesus Criança que virá no Natal e fará sua morada em nosso meio! 

(A foto ilustrativa é do site ALETEIA)

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