EU TE ORDENO!

“Eu Te Ordeno!”

João J. C. Sampaio


Observamos com frequência, que somos por demais afeiçoados à acomodação, a tirar o corpo de problemas que pensamos não serem nossos, a ficar em cima do muro para salvar a pele ou, simplesmente, para não sermos incomodados.

Aceitamos, sem refletir, a afirmação de que somos fracos e impotentes para desmantelar as intrincadas e injustas condições sociais que barram os nossos passos e os da nossa gente. Para reforçar o “daqui não saio, daqui ninguém me tira” gostamos de ouvir de outros acomodados ou beneficiados do sistema que o mundo será sempre o mesmo, que nada poderá ser mudado e que os fracassados, se quiserem melhores dias, que lutem por eles. Como religiosos malandros, completamos: “cada um por si e Deus por todos!”

Creio que tais pensamentos e ações não são próprios do seguidor do destemido carpinteiro de Nazaré. Se assim procedermos, estaremos duvidando do poder de nosso Deus e concedendo a nós mesmos um desprezível diploma de incompetência. Quando topamos com o Mestre de misericórdia e aceitamos fazer o que Ele fez, estamos ingressando na universidade da ação transformadora.

Esta, a princípio, deve ser manifestada por uma reação contra as injustiças que geram as desigualdades, as marginalizações, a exploração dos mais pobres e enfraquecidos do sistema. Quem passar por essa universidade não poderá permanecer cego, surdo e mudo ante a difícil realidade de nossa gente mais carente e sofrida.

Para nos incentivar, a Palavra de Deus nos apresenta um exemplo de reação através da narrativa do evangelista Marcos que mostra Jesus no interior de uma casa, no vilarejo de Cafarnaum, com uma multidão que a cercava de todos os lados (Mc. 2, 1-12). Essas pessoas, com exceção das consideradas religiosas e legalmente boas, aí se encontravam porque passaram a acreditar que Jesus poderia causar transformações em suas vidas. Como já sabemos, junto à multidão havia um paralítico, carregado em uma cama, e que desejava ardentemente chegar até Jesus. O entrevado e seus carregadores estavam plenamente convictos de que o encontro com o Mestre redundaria em uma vida nova e feliz.

Diante da miséria, mas da profunda fé daquela gente, mais uma vez Jesus agiu com misericórdia, só que desta vez manifestou quem Ele era de verdade ao perdoar os pecados. Os religiosos legalistas não gostaram do que ouviram e o Mestre reagiu com autoridade. Usou, com ousadia a expressão: “Eu te ordeno!” E a vida sorriu para o paralítico e para muitos dos que estavam na casa.

Estamos convencidos de que todos os que se afirmam cristãos terão de agir da mesma maneira, com a autoridade que vem desse Mestre inconformado e decidido diante das vergonhosas contradições humanas. O apóstolo Paulo nos garantiu a sua absoluta fidelidade e comprometimento para com todos nós (2 Cor. 1, 20).

Se agirmos de acordo com a sua Palavra, faremos enorme diferença em nossos ambientes e na vida das pessoas. Como Isaías, temos que profetizar e acreditar que, mesmo nos mais áridos desertos podem nascer rios e germinar flores (Is. 43, 19).

Há mais uma coisa importante: “Feliz de quem pensa no pobre e no fraco... o Senhor vai torná-lo feliz sobre a terra” (Sl. 41/40). Mãos à obra!

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