SAI DO NINHO E VOA!

Sai do Ninho e Voa!

João José Corrêa Sampaio

Quem acreditaria que os sabiás pudessem ensinar-nos lições de vida! A princípio, o casal alado constrói o seu ninho, nele coloca os ovos, os aquece com suas penas até que os filhotes rompem as cascas e passam a abrir os bicos para receber alimentos. Lentamente crescem, a plumagem vai dando forma a seus corpos e o ninho antes grande para todos, agora é motivo de desarranjos. Então, do apertado espaço as asas começam a ser usadas para ensaiar os primeiros e inseguros voos. Saem dos ninhos e para lá não retornam, pois está na hora de cumprirem a sua função biológica. Se algum lá permanece é porque sofre de alguma anomalia e perecerá.

Acredito que não somos tão diferentes dos sabiás, pois a vida, em dado momento, precisa ser assumida com coragem e determinação. Na verdade, somos todos chamados a deixar o ninho das acomodações e partir para a missão que o nosso Deus nos propõe. Para isso, algumas atitudes são necessárias: estarmos atentos ao que ocorre ao nosso redor, procurando entender os sinais dos tempos, ouvindo a voz do Senhor que nos fala através das crianças, dos mais pobres, dos idosos, dos abandonados e de tantos outros modos. Fundamental, ainda, é colocarmo-nos na posição de servos, prontos para realizar a tarefa indicada (1 Sm. 3, 3-10).

O apóstolo Paulo, bem ao modo dos sabiás, mostrou que os nossos corpos não nos pertencem, mas cumprem a finalidade de tornar o planeta um espaço de ressuscitados, de pessoas que buscam fazer de seus corpos verdadeiros templos, o lugar privilegiado do louvor, onde Deus e os irmãos convivem felizes, amando-se e respeitando-se mutuamente (1 Cor. 6, 19-20). Se os nossos corpos e mentes não estiverem comprometidos com a qualidade da sociedade em que estamos inseridos, seremos semelhantes ao preguiçoso sabiazinho que não quer voar para fora do ninho. Então, tornamo-nos uma anomalia, um chorão, um medroso, um problema a mais para que os outros resolvam.

João Batista, com seu exemplo, foi além das atitudes dos sabiás: o cumprimento de nossa função não será para engrandecer os nossos nomes, mas para testemunhar que a salvação se faz presente e atuante em nosso meio (Jo. 1, 36 e Mc. 1, 7)). Na prática ela se concretiza no mundo, como se fosse um canteiro de obras, com operários em atividade, sempre em construção! Onde quer que estejam os desmandos, as injustiças, o desprezo aos mais pobres, o descarte dos idosos, a vagabundagem dos espertos, aí estarão trabalhando os operários comprometidos com mudanças. Outro exemplo que nos ajuda a caminhar mais é o de Samuel, que precisou ser despertado quatro vezes por Deus para que começasse a realizar a sua missão profética (1 Sm. 3, 10).

Não sabemos com exatidão quantas vezes já fomos acordados de nosso marasmo, mas é certo que está na hora de responder aos apelos do Senhor. Ou será, que mesmo incomodados, ainda persistimos em permanecer no ninho de nossas inseguranças! "Sai de tua terra... sê uma bênção!" (Gn. 12, 1-2), determinou Deus a Abraão, à sua mulher Sara e, hoje, a todos nós.

À semelhança dos sabiás, temos que nos arriscar ninho abaixo e encantar o mundo com o nosso canto, a nossa coragem e sabedoria! O que seríamos sem essas ações desafiadoras!

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