EDUCAÇÃO E CATEQUESE

 EDUCAÇÃO E CATEQUESE

  João J. C. Sampaio

 Os meus primeiros passos no conhecimento da doutrina cristã e da minha Igreja foram dados com a ajuda de meu pai que possuía irrestrita dedicação pelas coisas de Deus e amor pelo que ensinava. Para ele as perguntas e respostas do “Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã” traziam segurança suficiente para ensinar qualquer criança lá no mato onde morávamos. Saber o catecismo de cor e salteado era a garantia de receber, na igreja matriz do vilarejo, a primeira Eucaristia. As respostas, que guardava na cabeça e as recitava na ponta de língua, eram sinais efetivos de meu conhecimento. Até hoje as conservo dentro de mim, mas com o privilégio de entendê-las um pouco mais.

  Não me julguem saudosista, ultrapassado, um fora do tempo ou fruta que já caiu do pé, desejo apenas refletir um pouco sobre os resultados atuais de nossa Catequese, a base cristã para os nossos filhos, nossas crianças e adolescentes. Apesar dos métodos serem mais apropriados, de se produzir fartos e bons materiais para estudo, não consigo perceber essa base cristã muito mais fortalecida na atualidade. O motivo da afirmação é simples: basta indagarmos de alguém a respeito da sua fé e aguardar uma resposta que, talvez, nos ilumine mais o caminho. Não são muitos, infelizmente, que sabem o que afirmam ou professam. A manifestação dessa insegurança não seria fruto de uma educação pouco convincente dos mistérios da fé? Existe, com certeza, em nossa Catequese, a preocupação pela transmissão do conhecimento religioso com certo rigor metodológico, com textos bem escritos, com figuras significativas e cores deslumbrantes, mas nem sempre se transmite o calor vivencial que carece de avivamento. O relacionamento humano na Catequese é fundamental e precisa ser cultivado. Daí brotam os fundamentos da comunidade cristã adulta, da formação da Igreja, da manifestação dos dons em favor da unidade e do bem querer.

   Por que nossas convicções ainda são tão voláteis e frágeis? Essa poderia ou deveria ser a nossa constante indagação. Creio que a fé carece, desde a tenra idade, de constante alimentação, rica em vitaminas exemplares de relacionamento, que sustente e anime a todos na caminhada.

Pode ser que nós: pais, pastores, professores, consagrados, catequistas, ainda não saboreamos pra valer da imensa riqueza de nossa fé. Assim, a transmissão pode não produzir o efeito desejado e se torne semelhante a sementes lançadas na imensidão do deserto. Não é suficiente transmitir o que sabemos e cremos com toda a tecnologia, é fundamental testemunhar! A teoria pode ser magnífica, mas sem a prática, tende ao esvaziamento. O Apóstolo Pedro nos aconselha a estarmos sempre preparados para poder responder com doçura, dedicação e amor a todos os que nos indagarem a respeito da fé e da esperança que possuímos (I Pe. 3, l5). E, por sua vez, o Apóstolo Tiago completa: “A fé sem obras é morta” (Tg. 2, 26).

  Na prática, não estamos colocando em dúvida os métodos de ensino que são bons, atraentes e criativos. O nosso dilema é como convencer as nossas crianças e adolescentes a terem verdadeiro amor pelo que aprendem, transformando a Igreja de Jesus em uma comunidade de irmãos.

Afinal, qual tem sido o nosso testemunho? O anúncio que fazemos de Jesus morto/ressuscitado e de sua generosa salvação tem conduzido o nosso ouvinte à alegria ou a seguir os passos do divino Mestre? O nosso discurso tem sólido fundamento ou é semelhante ao de alguns políticos, que falam com veemência, mas que, na prática, pouco ou nada acontece? O anúncio da Palavra de Deus vem sendo acompanhado de ações transformadoras de nossos ambientes?

  Não deixemos de lado as mais inovadoras técnicas para anunciar as maravilhas que o Senhor vem promovendo em nosso meio, mas não esqueçamos que a mais eficiente Catequese é a ministrada em dois espaços onde habita o amor: carinhosamente, no colo de nossos pais e, fraternalmente, no seio da comunidade cristã viva e atuante, por palavras e bons exemplos. Quem se alimenta bem nos primeiros anos de vida, terá uma idade adulta saudável e uma velhice sem sobressaltos. 

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