ELES NÃO TÊM MAIS VINHO...



“ELES NÃO TÊM MAIS VINHO...”

João J. C. Sampaio


A palavra vinho evoca uma outra palavra de grande importância para o convívio humano: a festa! A própria vida, por sua vocação poderia e deveria ser uma festa. Vida maltratada, sofrida, oprimida, desiludida, sem condições de ser celebrada não é vida!

Quando meditamos o Evangelho de João, nele encontramos Jesus, sua Mãe e os discípulos numa festa de casamento, provavelmente com canecas de vinho nas mãos (Jo. 2, 1-10). Vamos também participar desse momento grandioso. O próprio Jesus está nos acenando e convidando: “Vinde todos às bodas! (Mt. 22, 4) Para Ele, essa era uma celebração tão significativa que comparou o Reino de Deus à uma descontraída e alegre festa de casamento, para a qual todos fomos convidados, indistintamente. De fato, casamento e Reino de Deus se constituem em privilegiados espaços de concretização do comunitário, da alegria, do compromisso fiel, da solidariedade, da partilha, do desenrolar do processo amoroso gerador e preservador da vida.

Aceitemos, portanto, o convite. Tomemos as canecas acomodadas sobre a mesa, solicitemos que elas sejam enchidas de vinho cheiroso até a boca e aguardemos que o dono da casa, com voz de felicidade, erga um brinde: “Saúde aos noivos!”. Bebamos o gole mais generoso que pudermos, porque nele vai o nosso gesto da mais profunda amizade aos noivos, aos familiares e a todos os convidados.

No decorrer da festa, no entanto, surge uma séria preocupação: os que foram convidados compareceram e o vinho não será suficiente para todos. Reparemos como Maria, a Mãe de Jesus, está angustiada... Ela está tão aflita quanto à família anfitriã que não tem mais nada a oferecer. O que fazer com os convidados ou dizer a eles! Jesus, interpelado por sua Mãe, como quem não quer nada, transforma muita água em vinho e em vinho saboroso! Assim a festa continua...

De fato, a vida sem vinho bom e sem festa não é vida! Nada de misturas estranhas para enganar. Vinho ‘batizado’ causa dor de cabeça e dá uma ressaca de gosto horrível! Não o tomemos jamais! A comunidade cristã que costuma beber desse vinho, precisa se precaver. Ela é semelhante a crentes que participam dos cultos aos domingos e dias santos, mas logo na manhã seguinte estão completamente alheios aos compromissos assumidos (Tg. 1, 22-23). Não estão nem aí com a qualidade de cristãos que poderiam ser, nem com a extraordinária comunidade que poderiam formar. Eles se acostumaram a engolir qualquer coisa e não o que há de melhor. Perderam a sensibilidade, o bom gosto e se acomodaram na mediocridade!

Convidemos esses irmãos, um tanto adormecidos, a provarem do vinho oferecido pela pessoa de Jesus. Certamente, logo no primeiro gole, irão sentir pena do tempo perdido e de terem estragado o estômago com produto duvidoso. Não só os convidemos, mas ofereçamos também o vinho de nossas excelentes safras, de marcas respeitáveis como Amor, Fraternidade, Solidariedade, Justiça, Compromisso, Carinho, Dedicação e de outras semelhantes que garantirão a continuidade da vida.

Com eles bebamos à saúde de uma nova humanidade redimida pelo precioso Sangue de Jesus!

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