É FOGO!
É FOGO!
João J. C. Sampaio.
Garantem-nos renomados antropólogos que a primeira e mais importante revolução que ocorreu entre os seres humanos foi a descoberta do fogo, isto é, o momento em que foram capazes de controlá-lo e utilizá-lo em seu benefício. A partir daí, as condições humanas mudaram e muito. A mitologia dos antigos gregos também nos legou uma narrativa onde surpreendemos Prometeu roubando fogo das forjas de Hefestos e entregando-o aos homens. O poderoso Zeus, sabendo que os humanos com a posse do fogo não encontrariam mais limites para a sua criatividade, talvez até decifrando os segredos dos deuses, impingiu a Prometeu um terrível suplício...
Atualmente, em plena festa de Pentecostes, deparamo-nos com outra revolução do fogo (At. 2, 3). Desta vez, não para fundir os metais, para aprender a comer alimentos cozidos, para descobrir a geração da luz ou a produção do calor, mas para incendiar os nossos corações, despertando-nos para a urgente necessidade de levedar o mundo com a energia poderosa das atitudes amorosas. O Espírito Santo de Deus sabe que muitos de nós, só abandonaremos o comodismo, a inércia e a indiferença se botar fogo no barraco de nossas vidas. Isso aconteceu com os apóstolos que estavam entocados “no mesmo lugar” (At. 2,1) e estará acontecendo hoje conosco, quem sabe os mais empedernidos dos seres humanos. Por isso é que suplicamos com a sagrada liturgia: “ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente...”
O fogo de Deus também desatará as nossas línguas e elas proclamarão sem temor um novo tempo de entendimentos, de fraternidade, de saciedade, de acarinhamento, de ternura, de inclusão social, de busca da justiça e do direito (At. 2, 5-11). A babel das contendas, das separações, das confusões está com os seus dias contados! Afinal, o fogo veio para destruir, consumir, transformar, fazer do velho o novo (Apc. 21, 5).
Em Pentecostes vamos mais além: Jesus estabeleceu que, de agora em diante, estará presente entre nós o ministério do perdão (Jo. 20, 22-23). O fogo queimará até a última resistência o egoísmo de nossas vidas. Ao aceitarmos ser conduzidos pelo Espírito de Deus, também nos dispomos a ser promotores de união na comunidade, da reaproximação das pessoas, do reatamento das amizades e do crescimento dos irmãos. Com a força do alto, a nossa missão será sempre a de procurar, perdoar, reunir, curar, salvar e jamais condenar. Só assim haverá a paz ofertada por Jesus (Jo. 20, 19-20)!
O fogo que transforma deseja que a nossa inteligência e as nossas mãos se movam criativas. Para isso é que fomos agraciados com a rica diversidade dos dons e ministérios (1 Cor. 12, 7). Imaginemos de quantos especialistas necessitamos para construir uma casa. Na diversidade laboriosa dos ofícios reconhecemos a segurança e a beleza da edificação.
Que o Espírito do Senhor, como um vento impetuoso, atice fogo em nosso comodismo, chamusque o nosso orgulho, faça brilhar a luz em nossos olhos míopes, queime os trambolhos que arrastamos por aí e incendeie de amor as nossas existências inativas. Quem, verdadeiramente, experimentar do calor energético de Pentecostes, jamais será o mesmo! Vem, Espírito Santo, vem!
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