SER O BATISTA: EIS A QUESTÃO!

 


SER O BATISTA: EIS A QUESTÃO!

                                                                               João J. C. Sampaio.

 

  Estamos no mês de Junho. Este período do ano me enche o coração de saudade e de alegria. Saudade pelos bons tempos em que, juntamente com o nosso avô materno celebrávamos a festa de São João Batista entre muitos rojões, balões, fogueira com batata doce assada, passagem descalço sobre brasas, com procissão para lavar o santo no rio, iluminada pelas velas de cera de abelha, extraída dos enxames que viviam pelo mato. Isso sem contar o pão assado ao forno que ficava ao lado da casa, a pipoca estourada em panela de ferro e servida às peneiradas, os bolinhos de amendoim fritos na gordura de porco ou amendoim torrado em casca e alguns docinhos de lamber os beiços.

 

               Esse tempo foi um momento mágico da minha infância, sempre aguardado com ansiedade. A festa quebrava o ritmo da vida na roça e proporcionava um enorme prazer. A alegria continua na atualidade porque a nossa família decidiu não deixar morrer a festa, sendo já considerada como tradição. Celebramos como nos velhos tempos esse belo encontro com partilha amorosa, pois cada um coloca na mesa comum o resultado dos frutos do trabalho cotidiano.

 

  Celebrar o São João Batista tem sido celebrar a vida com tudo o que ela nos vem providenciando. São as alegrias pelas vitórias, o alimento da esperança de dias melhores, a plena convicção de que a união nos faz mais fortes e mais irmãos. Trazemos à memória os antepassados que, com seus exemplos e lutas, continuam a nos oferecer os alicerces e os estímulos na busca da conservação da união entre nós. Como se pode observar, sentimos muitas saudades e somos agradecidos!

 

  O João Batista, porém, é muito mais do que a minha memória pode relembrar. O seu nascimento anunciou o rompimento de uma era marcada pela visão de um Deus terrível, dos exércitos, por um Deus ternura, que se deixa tocar, ser acarinhado por meio de seu Filho Jesus que se fez presente no planeta terra assumindo a nossa humanidade com todos os seus percalços. É um Deus que se apresenta como família nos enviando, generosamente, o seu Filho amado como nosso Salvador. O apresentador desse Senhor e Mestre foi João Batista, o abençoado mesmo antes de nascer. Não é por acaso que “a criança estremeceu de alegria” (Lc. 1, 41) no seio de sua mãe Isabel quando ouviu a voz da saudação de Maria, a escolhida para ser a Mãe do “Deus Conosco” que decidiu construir a sua morada bem no meio da gente. E não foi história de anjo que caiu do céu por descuido ou porque quebrou a asa... Foi gesto amoroso do Deus Trindade que fez de nós criaturas escolhidas e chamadas pelo nome.

 

  Com o menino João Batista vai todo o nosso empenho pelo restabelecimento da nova humanidade, assim como o seu nascimento libertou a sua mãe Isabel das más línguas e do opróbrio que sobre ela caía por ser considerada estéril, uma infeliz dentro de seu povo.

 

              No Batista já adulto, implacável pregador no deserto, adentremos o mundo dos riscos, dos inconformados com a injustiça, dos decididos e perseguidos profetas, mesmo que algum Herodes covarde decida pelo rompimento da vida. Com seus pais, Isabel e Zacarias, experimentemos prá valer que “para Deus nada é impossível” ( Lc. 1, 37).

 

  Hoje, as minhas boas lembranças se encaminham ao pequeno João Batista buliçoso nos braços da carinhosa Isabel e nesse quadro contemplo a nova humanidade que está sendo gerada, e nós, como parte dela, estamos sendo convidados a ser o João profeta e a Isabel cheia de fé. Só não nos é permitido duvidar e permanecer mudos como seu pai Zacarias... 

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