LIBERTE-SE!
Liberte-se!
João J. C. Sampaio
É comum lamentar e ouvir lamentos pelo fato de fazermos parte de uma sociedade problemática e doentia, que se debate angustiada para se livrar das teias que ela mesma teceu e se emaranhou. Nós também, às vezes indagamos com ares inocentes, mas não sem culpas: “onde foi que eu errei?” Certamente, em muitas ocasiões e de muitos modos... Assim, nos resta amargar os resultados de omissões, indecisões, incoerências, mentiras e de outras práticas não recomendáveis. Tudo isso porque a nossa vida nem sempre caminha de acordo com o que aprendemos da Palavra de Deus. Como somos, em muitas ocasiões, apenas ouvintes desatentos dessa Palavra, perdemos as certezas de nossas convicções e acabamos por incorrer em mais falhas.
Somos, quem sabe, observadores detalhistas de certos mandamentos (Mc. 7, 1-4), mas esquecemos de apreender o essencial, o que vale a pena, como o respeito pela vida, o amor às pessoas e a partilha benfazeja. Em vez disso, nos achamos os melhores e desejamos para os acusados como maus elementos sociais o banimento a qualquer custo. Porque nos consideramos, equivocadamente, como cristãos zelosos, sonhamos também com a legalização da pena de morte, com a construção de mais presídios, com o autoritarismo tomando posse do democrático, e, em certos casos, até que a polícia feche os olhos para algum possível linchamento... Em nosso pseudo-zelo somos ainda acometidos de uma sede estranha de fazer justiça pelas próprias mãos já que as autoridades não são suficientemente capazes de preservar a ordem! E quem sabe realizar tudo isso em nome de Deus e de seus preceitos.
Contrapondo a essa visão distorcida, diabólica e assassina, felizmente somos surpreendidos por pessoas comprometidas com os acertos, que se avaliam até como corresponsáveis pelas desgraças que aí se encontram, mas têm a coragem de colocar as mãos no arado, tornando os campos sociais mais propícios à novas semeaduras que possibilitem a geração de novas plantas e de frutos de qualidade. São pessoas que ousam acreditar em solidariedade, fraternidade, justiça e em mudanças que façam a vida correr solta e feliz, sem inquietações de qualquer espécie. Não se acanham em conceder boa parte de seu tempo e de suas existências numa luta renhida, mesmo enfrentando uma chusma de omissos e de torcedores contrários.
Os que buscam construir uma sociedade melhor são os mesmos que fazem da Palavra de Deus um roteiro para as suas vidas (Tg. 17, 21) e não perdem tempo com formalidades humanas, antes procuram o essencial, aquilo que faz a diferença, honrando a Deus e os irmãos com a própria vida (Mc. 7, 5-8).. Sabem que a observância dos mandamentos não conduz à escravidão, mas faz do existir uma fonte de liberdade, de bênçãos e de relacionamentos felizes (Sl. 15/14).
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